quinta-feira, 7 de abril de 2011

Folheto

Folheto

Caso Clínico

Um rapaz de 22 anos de idade foi hospitalizado devido a uma série de sintomas, dentre os quais, a perda de peso, vômitos, fraqueza muscular, irritabilidade, anorexia e palidez eram os mais evidentes. Ele trabalhava em uma fábrica de tubos de ferro, era soldador e usava chumbo nas soldagens. Os exames laboratoriais revelaram uma grave anemia, denominada sideroblástica e o exame de urina de 24 horas, mostrou 0,24 mg de chumbo, sendo que a análise de raios X apresentou depósito dome tal nas epífises.
Questões:
1- Citar as principais fontes e formas de contaminação pelo chumbo e correlacioná-las com atividades profissionais.
2-Porque o chumbo é tóxico para o nosso organismo?
3-Explique os principais sintomas da intoxicação causada pelo chumbo.
4-Porque este metal deposita-se nos ossos?
5-Como é feito o tratamento da intoxicação pelo chumbo?
Respostas:
As principais fontes onde o chumbo poderá ser encontrado são as tintas (usado como agente corante e estabilizador), a gasolina (aditivo antidetonante na forma de tetra etila de chumbo), ligas para soldas e baterias de automóveis. Nos grandes centros urbanos e em regiões siderúrgicas (Vale do aço, Cubatão, etc.), o ar e a água locais, apresentam concentrações de chumbo bem maiores que em outros locais (tolerância máxima é de 4 a 10 ppm de Pb2+). Sendo estas as fontes mais importantes, os trabalhadores que lidam diretamente com materiais que contém este metal, devem ser os principais alvos de contaminações agudas ou crônicas, podendo ser incluídas as crianças pequenas que se contaminam com o solo e a poeira doméstica. Também os locais de trânsito muito intenso, como nas grandes cidades, o chumbo que escapa da exaustão de automóveis movidos a gasolina, poderá ser facilmente absorvido pelos pulmões e afetar gradualmente os profissionais que diariamente ali permanecem. Deve-se mencionar que o chumbo é também absorvido pelo trato gastrointestinal, tendo a sua absorção aumentada pela deficiência de ferro e cálcio na alimentação. O caso deste rapaz é decorrente de uma intoxicação causada pela inalação gradual de sais de chumbo, que escapavam quando a liga do metal era fundida para ser utilizada nas suas diversas finalidades. O chumbo ao atingir a corrente sangüínea, irá depositar-se principalmente nos ossos longos (incorporação aos cristais de hidroxiapatita, onde são relativamente inertes), no cérebro, rins, fígado e pulmões. O seu efeito tóxico é devido à formação de ligações covalentes com grupos SH das cisteínas, presentes principalmente em sítios ativos das enzimas e caracterizando uma inibição enzimática irreversível. Em altas concentrações, poderá também ligar com cargas negativas presentes nas superfícies externas de proteínas intracelulares, precipitando-as e causando morte celular com resultante inflamação tecidual. Uma das enzimas mais sensíveis é a ferroquelatase, a qual insere o ferro (Fe2+) no anel da protoporfirina, uma via de síntese do anel das porfirinas, um constituinte do grupo heme, presente nos eritrócitos. Uma das conseqüências do bloqueio enzimático é uma forte anemia, denominada sideroblástica. Também, o δ-aminolevulinato (δ-ALA), o substrato da enzima ferroquelatase, acumula-se e escapa para a corrente sangüínea, sendo que em níveis elevados atinge áreas do sistema nervoso central, provocando uma psicose que é típica do pulhismo. Isto, porque oδ-ALA é semelhante estruturalmente aoγ-aminobutirato (GABA), um inibidor das transmissões sinápticas, e por competição, toma o lugar deste, resultando numa psicose desconhecida até pouco tempo. Outras proteínas e enzimas importantes de vias metabólicas poderão ser inibidas ou desnaturadas pelo chumbo através de mecanismos semelhantes e resultar numa sintomatologia bastante diversa.  Anos anteriores algumas bebidas eram contaminadas com o chumbo em suas manufaturas, e isto causava a gota saturnina nos seus consumidores. Isto porque os rins afetados pelo metal, não conseguiam excretar normalmente o ácido úrico que se acumulava no sangue e depositava nas articulações principalmente dos dedos, causando a gota. O chumbo deposita-se principalmente nos ossos, porque algumas de suas propriedades são muito semelhantes ao cálcio e o nosso organismo não consegue distingui-los claramente. Por ser mais denso que o cálcio, as chapas de raios-X mostrarão os locais ósseos de maior contaminação pelo chumbo, sendo que, em jovens e crianças, o mais comum é a placa metalizaria de ossos longos em crescimento nos quais ocorre a formação de uma linha, denominada “linha de chumbo”. Este metal incorporado à hidroxiapatita poderá ser removido todas as vezes que houver necessidade de remoção do cálcio dos ossos. Assim, dietas adequadas de vitaminas de cálcio poderão minimizar a necessidade de reabsorção deste mineral, e daí, remover menos o chumbo. O tratamento essencial da intoxicação pelo chumbo constitui primeiro na remoção da fonte de exposição; segundo, a retirada deste do organismo intoxicado através de agentes quelantes como a penicilamina, a qual forma um complexo estável com o chumbo (também com outros metais pesados ou íons de cálcio). Outros agentes quelantes (figura 1) poderão der utilizados, como o EDTA (ácido etilenodiamino tetra acético) ou o dimercaprol (BAL). Os complexos formados por estes, são não-iônicos, não tóxicos e mais solúveis, sendo que, os efeitos são mais pronunciados com as formas de chumbo circulantes. O problema é que, estes agentes quelantes não são absolutamente específicos e podem quelar vários íons essenciais; por isto, o acompanhamento de pacientes em tratamento, deve ser rigoroso para não induzir uma deficiência de cálcio. Um novo agente quelante oral, o ácido dimercaptosuccínico (DMSA) está em experiência clínica.
 
Por: Larissa Fenanda Dorta.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Artigo Científico

Estudo retrospectivo dos níveis de ácido hipúrico urinário em exames de toxicologia ocupacional.

Resumo

O ácido hipúrico é o principal metabólito do tolueno que é um hidrocarboneto aromático volátil e incolor, solvente amplamente utilizado em processos industriais e com importantes efeitos tóxicos, fato que justifica a preocupação em monitorar regularmente sujeitos com risco de exposição ocupacional a este solvente. Muitas tintas, colas, polidores, diluentes, desengordurantes e removedores contêm este solvente como seu principal constituinte. É um solvente que atua sobre o sistema nervoso central em exposições agudas e crônicas. Apresenta ação irritante sobre pele e mucosas e seus efeitos agudos são semelhantes aos decorrentes da intoxicação etanólica: efeitos estimulantes seguidos de depressão do SNC. Em exposições crônicas, pode provocar hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e perda auditiva. Tendo em vista seus efeitos tóxicos, todos os trabalhadores com risco de exposição ao tolueno devem realizar monitorização biológica por meio de exames toxicológicos para avaliar seu grau de exposição a este solvente. O controle e prevenção da exposição a este solvente é realizado através de medidas de controle ambiental, uso de roupas impermeáveis, luvas, óculos de segurança e máscaras com filtro químico.


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000700075&lng=pt&nrm=iso


Por: Emmily Araújo da Costa.

Normas Oficiais

Segue algumas Normas Regulamentadoras anexadas, com objetivo de mostrar a importância da legislação em toxicologia ocupacional.

NR 1: DISPOSIÇÕES GERAIS

NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO

NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL

NR 22 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

Normas Oficiais

A toxicologia após a década de 60 deixou de ser a ciência envolvida apenas com o aspecto forense. Hoje a ênfase é voltada a avaliação da segurança e risco na utilização de substâncias químicas, como também à aplicação de dados gerados em estudos toxicológicos como base para o controle regulatório de substâncias químicas no alimento, no ambiente, nos locais de trabalho, entre outros.
A toxicologia ocupacional estuda os efeitos nocivos causados por substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho, a associação de algum efeito tóxico juntamente com alguma atividade profissional estuda esses efeitos e estabelece medidas de segurança no manuseio de inúmeras substancias tóxicas que o trabalhador é exposto em seus diferentes ambientes de trabalho.
A preocupação em evitar o surgimento de doenças decorrentes da exposição dos indivíduos a agentes químicos no ambiente de trabalho e conduzir à tomada de medidas de prevenção são a base da monitorização biológica e consistem em verificar se a concentração destes agentes ou de seus metabólitos no organismo dos trabalhadores esta dentro dos níveis estabelecidos por órgãos governamentais ou pela comunidade científica.
Os indicadores biológicos de exposição e os índices biológicos máximos permitidos são determinados por meio de estudos epidemiológicos, experimentais e casos clínicos.
Aqui no Brasil, a Norma Regulamentada n.º 7 (NR-7) e a Portaria n.º 24 de 29 de dezembro de 1994 da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, estabelecem os parâmetros biológicos para controle da exposição a agentes químicos. Conforme esta Portaria, todos os empregados e instituições que admitam trabalhadores como empregados são obrigados a elaborar e implementar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). O referido programa tem por objetivo promover e preservar a saúde dos trabalhadores.
Esta monitorização biológica complementa o monitoramento ambiental e a vigilância à saúde, considerando-se que determina a exposição global diretamente no indivíduo e detecta efeitos precoces e reversíveis, proporcionando uma melhor estimativa de risco.
Para se estabelecer as concentrações máximas para uma exposição ocupacional uma série de informações cientificas são exigidas, tais como: os conhecimentos das propriedades físico-químicos; investigações toxicológicas sobre toxicidade aguda, sub- aguda e crônica pelas diversas vias de introdução; experimentos em animais e observações no homem. Pode se notar, que os estudos para a fixação dos limites permissíveis são complexos e dispendiosos, e apenas alguns países os realizam. Assim os EUA, “URSS”, Alemanha, Suécia e Tchecoslováquia determinam esses limites, enquanto outros paises, como a Inglaterra, Argentina, Peru, Noruega, Brasil etc, adotam os limites dos EUA com as adaptações necessárias as condições de trabalho em cada país.
No Brasil estas adaptações são feitas de acordo com a área, podendo ser do Ministério do Trabalho, da Saúde, etc. A NR-15 (Norma Regulamentadora nº 15, 1978, Ministério do Trabalho, utiliza os valores adaptados da ACGIH-USA de 1977. Estes valores foram reduzidos em 78% em virtude da jornada semanal no Brasil ser de 48 horas, naquela época (até 1989), com relação às 40h preconizadas pela ACGIH).
A NR (Norma Regulamentadora) estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.


Por: Nathassia Gotfrid Selinga